A visita do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Mercado Central de Caxias, realizada hoje, trouxe à tona uma série de reflexões sobre a forma como eventos políticos são conduzidos em contextos públicos. Como de costume, políticos tendem a escolher locais que concentram grandes aglomerações para maximizar sua visibilidade. Em Caxias, o Mercado Central é um espaço emblemático que reflete o cotidiano da população, mas a visita de hoje pareceu destoar completamente da realidade vivenciada pelos feirantes e consumidores habituais.
As imagens divulgadas pela mídia governista revelaram um cenário artificial, com um público formado majoritariamente por funcionários públicos e apoiadores mobilizados, em contraste com a clientela habitual do mercado. Esses frequentadores diários, que são o verdadeiro alicerce da economia local, foram em grande parte substituídos por uma plateia organizada para atender aos interesses políticos e midiáticos do evento.
Outro aspecto que chamou atenção foi a organização e a limpeza excepcionais do mercado, algo raramente observado em dias comuns. Para a visita, foram realizados mutirões de limpeza e organização durante toda a semana, criando uma imagem maqueada e distante da realidade cotidiana enfrentada pelos feirantes. Até mesmo música ao vivo foi incluída, remetendo a um tempo em que festividades dominicais, como as idealizadas pelo saudoso vereador Teódulo Aragão, traziam vida e alegria àquele espaço.
O contraste entre a visita política e a realidade do mercado também expõe a hipocrisia de muitos dos envolvidos. Políticos locais que marcaram presença no evento dificilmente compram diretamente dos feirantes. Ao invés disso, preferem os grandes supermercados, afastando-se ainda mais do cotidiano das comunidades que dizem representar.
Outro ponto que merece destaque é a questão das promessas de reformas no Mercado Central, que há anos permanecem apenas no papel. Embora sempre mencionem uma grandiosa reestruturação, o que se vê são apenas reformas paliativas que pouco impactam a vida dos feirantes e consumidores. Apesar de volumosos recursos previstos no orçamento, as intervenções realizadas são mínimas, reforçando a sensação de abandono e falta de compromisso com os reais interesses da população.
Esse episódio reforça a necessidade de um olhar mais crítico sobre as estratégias políticas que privilegiam a aparência em detrimento da realidade. A população de Caxias merece respeito e compromisso genuíno, não uma administração que privilegie eventos coreografados e uma fachada polida que desaparece tão rapidamente quanto foi montada.
O Mercado Central é um símbolo da resistência e da cultura local, mas, para isso, é necessário que as promessas políticas transcendam o palco das visitas oficiais e se traduzam em ações concretas que beneficiem a população que realmente mantém aquele espaço vivo.
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