
Na manhã desta quarta-feira, 1º de maio, policiais militares de Caxias (MA) foram convocados para uma parada matinal em frente à prefeitura da cidade. A convocação foi registrada em mensagens compartilhadas nos grupos institucionais da corporação, informando que todas as viaturas, além do adjunto e do CPU (Comando de Policiamento Urbano), deveriam se apresentar no local às 7h30, sendo que a troca de serviço ocorreria apenas após o término do evento em frente ao prédio do Executivo Municipal.
A ordem, emitida em um grupo oficial da tropa, gera preocupação e estranheza diante do cenário de crescente insegurança pública e aumento dos índices de violência na região. O deslocamento de parte significativa do efetivo da Polícia Militar para um ato de natureza simbólica, sem objetivo operacional claro, escancara um problema grave: o uso da estrutura policial para fins políticos. Esse tipo de prática compromete a imparcialidade da instituição, mina a confiança da população e enfraquece os princípios democráticos.
Quando a polícia se mistura com a política, perde-se a neutralidade essencial para a atuação de uma força estatal. A corporação, que deveria servir à coletividade, passa a ser percebida como aliada de interesses particulares, favorecendo grupos ou gestores em detrimento da função constitucional de proteção à sociedade. Esse tipo de associação abre espaço para perseguições seletivas, benefícios injustificados, promoções políticas e até o aumento de casos de corrupção interna.
Além disso, a imagem da Polícia Militar como órgão de segurança sofre desgaste profundo diante da população. A confiança do cidadão na corporação depende da percepção de que todos são tratados com isenção e justiça. Quando a farda é usada para compor palanques, essa relação de confiança se rompe, e o resultado pode ser a multiplicação de conflitos sociais, protestos e resistência às ações da própria PM.
A estrutura hierárquica da corporação também é afetada por esse tipo de interferência. Ordens sem base operacional, dadas para agradar o poder político local, desorganizam rotinas, retiram efetivo das ruas e desviam a PM de sua missão principal: proteger e servir. Enquanto policiais são convocados para formar plateia institucional, crimes seguem acontecendo nos bairros, sem o policiamento ostensivo necessário.
Segurança pública é dever do Estado e direito do cidadão, não instrumento de promoção pessoal de prefeitos ou partidos. A Polícia Militar deve manter sua autonomia, seu foco e seu compromisso com a legalidade, sob pena de perder a legitimidade que sustenta sua atuação. O que se viu em Caxias nesta manhã de feriado é o retrato preocupante de uma força que, ao invés de servir à população, foi colocada a serviço de um evento político disfarçado. Isso não pode ser tratado com normalidade.
Fonte: Portal MA365