Enquanto câmaras municipais de todo o Brasil iniciaram seus trabalhos legislativos no dia 1º de janeiro, a Câmara Municipal de Caxias protagoniza um cenário inusitado e controverso. O presidente Ricardo Rodrigues surpreendeu a população ao publicar o Decreto Legislativo Portaria nº 01, de 02 de janeiro de 2025, concedendo férias ao órgão recém-empossado. A medida, vista como um desvio da normalidade administrativa, gerou repercussão negativa e levantou suspeitas sobre a gestão do presidente.
A medida tomada por Ricardo Rodrigues, comparável a uma empresa que contrata um funcionário e imediatamente o envia para férias, chamou a atenção pela sua aparente desconexão com as responsabilidades institucionais. A população, que aguardava o início dos trabalhos da nova legislatura, foi pega de surpresa por um decreto que contraria a tradição e, principalmente, a urgência das demandas públicas.
De acordo com o Portal MA365, a decisão de decretar o recesso seria parte de um acordo entre o presidente e alguns vereadores. Nesse período, os parlamentares não contratariam assessores, permitindo que Ricardo Rodrigues direcionasse recursos para cobrir pagamentos em atraso do mês de dezembro.
A polêmica não se limita ao decreto. Em dezembro de 2024, o pagamento dos salários, tradicionalmente realizado no dia 10, foi feito apenas aos vereadores, enquanto assessores e demais servidores ficaram sem receber. Após críticas e pressão dos assessores, o presidente priorizou o pagamento dos assessores dos vereadores reeleitos, em uma possível estratégia para garantir votos em sua recondução à presidência.
O mistério cresce com os extratos obtidos pelo Portal MA365, que mostram que os repasses da Prefeitura para a Câmara foram realizados regularmente, sem atrasos. A questão que surge é: onde foi parar o dinheiro destinado ao pagamento de todos os servidores?
A concessão de férias aos recém-empossados é vista como uma jogada para conter a crise. Além de adiar as contratações dos novos assessores, a medida levanta suspeitas de que o presidente buscava ganhar tempo para equilibrar as finanças e evitar maiores pressões. No entanto, a decisão foi recebida com descontentamento por alguns vereadores, que alegaram não ter sido informados previamente e estão frustrados por não poderem estruturar suas equipes imediatamente.
A ação de Ricardo Rodrigues pode ter consequências sérias e de longo alcance. Politicamente, a decisão fragiliza sua posição como líder da Câmara, expondo falhas de gestão e criando descontentamento interno. Juridicamente, os rastros deixados pelo sumiço dos recursos e pelo decreto controverso são sinais claros que podem motivar uma investigação do Ministério Público.
Com o município nunca tendo atrasado os repasses à Câmara, os indícios de má gestão financeira se tornam ainda mais contundentes. Essa situação levanta dúvidas legítimas sobre o uso do dinheiro público e aprofunda a necessidade de transparência e prestação de contas.
Ricardo Rodrigues, ao tentar manejar a crise, pode ter selado um caminho de desgaste irreversível. Sua decisão não apenas compromete a eficiência do Legislativo de Caxias, mas também afeta diretamente a credibilidade da Câmara perante a população.
Enquanto isso, a confusão administrativa na Câmara continua a atrair os holofotes. O Ministério Público terá em mãos uma série de elementos para seguir os rastros deixados por essa gestão, que agora enfrenta não apenas críticas, mas também o risco de sérias implicações legais.
O episódio coloca a Câmara Municipal de Caxias sob uma nuvem de dúvidas e inquietações, um reflexo do impacto de decisões que priorizam interesses internos em detrimento da transparência e da responsabilidade pública.
Fonte: Portal MA365